A época das águas, que os produtores rurais se referem, é a época de calor intenso e muito chuva. Essa combinação, traz inúmeros desafios para os produtores de leite, não só pela mudança da temperatura e umidade do ambiente e o que isso ocasiona nas vacas leiteiras, mas também em todo impacto que causa no ciclo de vidas dos parasitas, que trazem inúmeros prejuízos as vacas de leite.
Impacto da alta temperatura e alta umidade nas vacas de leite na época das águas
O limite da temperatura que já trazem algum dano a alimentação, produção e reprodução nas vacas de leite é 25° C para vacas da raça holandesa e em torno de 28° C para as vacas da raça Girolanda e seus cruzamentos.
Além da alta temperatura, a alta umidade aumenta o nível de estresse térmico.
A necessidade de alimentos para as vacas em estresse térmico aumenta, já que elas gastam energia para dissipar o calor produzido pelo corpo, mas o que acontece na prática, as vacas passam a comer menos devido ao desconforto gerado pelo calor.
No estresse térmico, a produção de leite cai, pelo menor consumo de alimentos (matéria seca) porém existe também, uma alteração no metabolismo da vaca, que visa diminuir a geração de calor, que leva a queda da produção leiteira.
Em um experimento feito nos Estados Unidos, os pesquisadores puderam comprovar que a queda na produção na era somente devida a diminuição do consumo de matéria seca. Dois grupos de vacas holandesas de alta produção, foram divididos da seguinte forma: o 1º grupo tinha conforto térmico e o 2º grupo estava em temperaturas que geraram estresse térmico. A ingestão de matéria seca e a produção de leite dos dois grupos, antes do experimento eram similares. Após o início do estresse térmico, o 2º grupo tinha reduzido produção em mais de 30 % e o consumo de matéria seca foi reduzido em 8 kg. Os pesquisadores reduziram a matéria seca do 1º grupo em 8 kg mas mantiveram o conforto térmico. As vacas reduziram a produção, mas reduziram muito menos do que as vacas que estavam em estresse térmico, comprovando que a queda na produção de leite, não é somente efeito da diminuição do consumo de alimentos (matéria seca).
Na época das chuvas, dependendo do tipo de sistema adotado, temos aumento de problemas de casco e mais casos de infecções mamárias ou mastites. Os cascos que são as unhas das vacas, também como as unhas dos seres humanos, quando em ambientes úmidos, absorvem água e ficam mais macias, ficando mais expostas a traumas quando estão em ambientes de cimento e quando caminham em estradas com pedras ou cascalhadas. O piso de cimento do curral, quanto molhado, se torna muito mais abrasivo para o casco do que o cimento seco.
As mastites são favorecidas pelo aparecimento das moscas, que são grandes carreadoras de bactérias, contaminando ambiente e tetos, e pelo ambiente que se torna mais sujo com as chuvas e favorece o crescimentos das bactérias causadoras de doenças, tendo o ambiente perfeito que é alta temperatura e umidade.
Além de todos esses desafios, temos a diminuição do ciclo dos carrapatos, que se reproduzem com mais rapidez no calor, que se alimentam do sangue e transmitem parasitos causadores de doenças, sendo a principal conhecida como tristeza parasitária, que são causadas por protozoários que levam as vacas a quadros febris e anemia por destruição das hemácias.
Outro parasita que aumenta na época das chuvas, são as miíases (conhecida como bicheira) e a dermatobiose (conhecida como bernes), que são larvas de moscas que causam grande incomodo e prejuízo na produção das vacas leiteiras.
10 estratégias para a época das chuvas
- Promover conforto térmico para as vacas, com sombreamento, ventiladores e aspersão de água, na pista de trato e na sala de espera para ordenha.
2. Manter a disponibilidade de água fresca, em quantidade e qualidade. Manter os bebedouros limpos.
3. Forneça uma dieta adequada e equilibrada para as vacas, que atendam todas as necessidades de água, energia (carboidratos), proteínas, minerais e vitaminas.
4. Tenha um cuidado extra para evitar que as vacas sejam acometidas de acidose ruminal, através da dieta (fibra longa, fisicamente efetiva) e de aditivos tamponantes, quando necessário.
5. Utilizar na dieta, aditivos que podem minimizar os efeitos negativos do estresse térmico.
6. Dividir os tratos, fornecendo de preferência, a maior quantidade, nas horas mais frescas do dia.
7. Procure dentro do possível, manter o ambiente limpo.
8. Evite que as vacas fiquem em locais alagados e que fiquem muito tempo de pé em áreas cimentadas.
9. Quando necessário, faça pedilúvio com formol, que promove a desinfecção dos cascos e desidrata os cascos que absorveram muita umidade do ambiente, tornando eles mais rígidos.
10. Consulte o seu veterinário, para traçar um combate estratégico aos carrapatos e as moscas.
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