No contexto atual da produção de leite no Brasil, já se sabe a importância do papel da nutrição na produção, saúde e reprodução dos animais. Porém, uma dieta balanceada, em níveis nutricionais e a proporção de concentrado (ração) e volumoso, tem um impacto direto na quantidade de gordura no leite e principalmente no produto final, o leite. Por meio de manejos nutricionais podemos realizar interferências nos teores de sólidos do leite, mais facilmente, no teor de gordura do leite.
Os impactos do teor de gordura no leite
O aumento no teor de gordura do leite, traz impacto positivo tanto para produtor quanto para o laticínio que irá processar esse leite. Níveis mais altos de gordura fazem com que o produto tenha um rendimento maior na indústria, ou seja, 1 litro de leite com 4% de gordura renderá mais produtos lácteos, tais como manteiga, creme de leite e queijos, do que 1 litro com 3,5% de gordura.
Pensando no produtor, teores mais elevados de gordura no leite tendem a ser um indicativo de saúde ruminal dos animais, além do principal, muitas das vezes os laticínios pagarem um preço a mais pelo produto que contenha um teor de gordura maior.
Por exemplo, segue uma planilha de bonificação por gordura no leite da ITAMBÉ, acessada em milkpoint.com.br.
Vale destacar, a diminuição do pagamento quando o teor está abaixo do mínimo.
Pois bem, como podemos observar, é vantajoso aumentar o teor de gordura no leite e para isso temos algumas estratégias nutricionais e até mesmo de manejo.
Devemos associar a gordura no leite com um ambiente de rúmen saudável e com pH adequado, pois a gordura do leite vem principalmente dos ácidos graxos acetato e butirato, produzidos no rúmen advindos da degradação, principalmente da fibra vinda de forragem, além disso, a gordura mobilizada da reserva corporal do animal, pode ir para glândula mamária também.
Ou seja, a queda no teor de gordura está associada à queda no pH do rúmen, ou seja, dieta desbalanceada em fibra ou excesso de concentrado ou até mesmo, um consumo grande de alimento de uma só vez.
Ajustar a relação volumoso concentrado da dieta, aumentar o teor de fibra fisicamente efetiva, aquela que fará o animal ruminar e produzir saliva, a qual controla o pH ruminal, por conter, bicarbonato e fosfato são estratégias para aumentar os teores de gordura no leite.
Excesso de amido na dieta, reduz o percentual gordura do leite.
Dietas muito úmidas, com matéria seca menor que 50% tendem a reduzir pH ruminal, interferindo negativamente também no teor de sólidos.
Pensando em manutenção de pH ruminal, também se destaca que, o uso de tamponantes e alcalinizante na dieta favorece o acumulo de gordura no leite, por aumentarem o pH do rúmen, favorecendo as bactérias que digerem fibra e aumentando a produção do ácido acético, precursor da gordura no leite.
Alguns ajustes de manejo, como evitar a superlotação, também pode ser positivo. Currais superlotados favorecem a competição entre os animais, fazendo com que as vacas dominantes comam mais e o restante coma menos que o necessário.
Ressaltamos também que, mesmo com dieta ajustada e manejo correto, algumas raças possuem teores de gordura bem mais altas que as demais, como, por exemplo, as vacas Jersey.
Portanto, temos diversas estratégias para o aumento da gordura no leite, sendo essa uma variável que leva ao aumento no valor econômico do leite. Cabe ao produtor buscar, com a ajuda de técnicos especializados, mediante uma dieta equilibrada, ingredientes específicos e aditivos, favorecer o aumento no teor de sólidos do leite.
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