Como escolher a proteína da ração de vacas leiteiras?

Como escolher a proteína da ração de vacas leiteiras?

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Durante muitos anos, as rações com 22 % de proteína foram as líderes de venda no mercado de vacas de leite em lactação. Esse número 22, era quase que um número mágico!

Hoje temos ração para vacas de leite que vão desde 18 % até 33 % de proteína bruta. Mas afinal, como escolher a proteína da ração? Porque usar uma ração 28 ao invés de uma 22 %, ou vice-versa?

A pergunta é bastante simples, mas a resposta é complexa, mas se pudermos resumir numa palavra, a resposta é: DIETA!

Dieta é o conjunto de todos os alimentos que a vaca ingere, visando atender as suas necessidades nutricionais de energia, proteína (amino ácidos), minerais, vitaminas e água. Como podemos ver, a dieta visa atender o fornecimento de todos os nutrientes necessários para atender a mantença da vaca, a reprodução, crescimento (vacas com menos de 5 anos ainda crescem) e a reprodução.

Neste pequeno artigo, vamos nos ater apenas ao quesito proteína, para um melhor entendimento do fator dieta.

É muito importante que fique claro que proteína da dieta não é a mesma coisa que proteína da ração. A ração é um componente da dieta que fornece proteína, entre os outros nutrientes.

Outro ponto de muita importância para que possamos progredir é que dietas de vacas de leite são formuladas em base na matéria seca, ou seja, depois que descontamos o teor de água dos alimentos,  portanto, a proteína é calculada também na matéria seca (MS).

Exemplos:

– Silagens de milho de 28 a 35 % de MS em média.

– Cana de açúcar em torno de 30 % de MS.

– Capim verde em torno de 20 % de MS.

– Resíduo de cervejaria (Cevada) em torno de 25 % de MS.

– Polpa cítrica em torno de 90 % de MS.

– Rações comerciais entre 87 % e 90 % de MS.

   Quando falamos que uma silagem de milho possui 8% de proteína bruta na matéria seca, significa que em 1,0 kg de uma silagem de milho com 30 % de MS, temos 300 g de matéria seca e 24 g de proteína (8 % em 300 g de MS).

    Uma ração com 22 % de proteína (o percentual de proteína bruta expresso no rótulo das rações comerciais é na matéria natural, ou seja, não foi descontada a água), em uma ração com 88 % de MS (12 % de água) possui 25 % de proteína bruta na MS.

    A necessidade de MS da vaca, diariamente, depende de alguns parâmetros básicos (alguns programas de formulação de dietas, pode pedir algumas informações adicionais):

– Peso corporal do animal em kg.

– Produção de leite diário em kg.

– Dias em lactação.

– Percentual de gordura no leite.

     Com esses parâmetros, conseguimos calcular a necessidade diária de MS.

Uma vaca com 500 kg de peso corporal, produzindo 25 kg de leite, com 3,5% de gordura e com 30 dias de parida, necessita de 14,5 kg de MS por dia (segundo o NRC 2001). Essa mesma vaca, com 60 dias de parida, passa a necessitar de 17,2 kg de MS e com 150 dias de parida de 18,7 kg de MS (hipoteticamente com a mesma produção de leite e mesmo percentual de gordura.

       Com todos esses dados, agora podemos avaliar e saber qual o teor e proteína que necessitamos na dieta.

       O NRC 2001 recomenda os seguintes teores de proteína bruta na MS da dieta:

– Vacas recém parida: 19 % de PB na MS.

– Vacas no pico de lactação: 16 % de PB na MS.

– Vacas no meio da lactação em diante: 14 % de PB na MS.

   Vamos usar dois exemplos de dieta, com uma silagem de milho com 30 % de MS e 8 % de PB na MS, e uma dieta com cana de açúcar com 30 % de MS e 2,5 % de PB na MS. Usando o exemplo da vaca acima, com produção de 25 kg de leite, 3,5% de gordura no leite, no pico de lactação (60 dias de lactação);

– Dieta com silagem de milho:

* 35 kg de silagem de milho

* 7,5 kg de uma ração com 25,82 % de PB na matéria natural ou 28,79 % de PB na MS.

     Essa dieta fecha a necessidade da MS dessa vaca, com 17,2 kg e com 16,12 % de proteína bruta na MS da dieta.  

– Dieta com cana e açúcar:

* 34,5 kg de cana de açúcar

* 7,6 kg de uma ração com 33,00 % de PB na matéria natural ou 36,60 % de PB na MS.

     Essa dieta fecha a necessidade da MS dessa vaca, com 17,2 kg e com 16,07 % de proteína bruta na MS da dieta. 

Obs: nessas dietas levamos em consideração apenas o fechamento das necessidades de MS e PB da dieta, mas muitos outros fatores são levados em conta numa dieta, como FDN, FDN efetivo, extrato etéreo (gordura), amido, minerais e vitaminas entre outros.

    O objetivo dessas dietas é demonstrar que cada vez que mudamos os volumosos da dieta, ou que entramos com um subproduto na dieta, como polpa cítrica, caroço de algodão e resíduo de cervejaria, temos que adequar a ração. Não existe uma única ração para todos os tipos de volumosos.

     No caso da cana de açúcar precisamos de uma ração 33 % na matéria natural para atingirmos os 16 % de PB na MS da dieta, em quanto que com a silagem de milho, necessitamos de uma ração com 25,82 % para atingirmos os mesmos 16 % de PB a MS da dieta. Se a dieta fosse com capim verde, a necessidade de proteína da ração, seria menor ainda.

    Com isso, queremos alertar para a necessidade de se formular uma dieta, para conseguir o máximo desempenho no menor custo possível (verdadeiro custo/benefício). Uma dieta formulada para as vacas do seu vizinho, não serve para suas vacas. Por que?

    Peso das vacas, percentual de gordura do leite, dias em lactação, que são diferentes. Outro fator, mesmo que o seu vizinho e você utilizem o mesmo volumoso, por exemplo, silagem de milho a matéria seca da silagem, a proteína da silagem, o FDN da silagem, serão diferentes, devido ao tipo de semente plantada, cuidados agronômicos, momento da colheita etc.

      Não existe “fórmula de bolo” em dietas de vacas de leite. 

     Quando precisar de dieta para o seu gado, consulte o departamento técnico da PRZ Nutrição Animal, ou um profissional habilitado, de sua confiança.

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